terça-feira, 25 de dezembro de 2012


tenho pensado em tantas frases e textos durante o dia. como se minha cabeça fosse uma produção literária constante, inspiradas por todos os livros que ganhei, comprei, roubei nos últimos tempos. sempre lembro do ovelhas negras onde caio la cucaracha roubava livros da virginia woolf nos estados unidos. pelo menos o roubo é por uma causa nobre e não deixa de ser poético colocar na bolsa livros maravilhosos para salvar a nossa rotina. mas então, os textos. que vão se formando sem pedir licença.

pensei de falar na casa em que cada canto possui aqueles detalhes que fazem a vida ser bonita. algumas plantas aqui, uma mangueira, o grilo. seu jardim no meio da cidade. as estrelas, os recantos, os aconchegos. as paredes riscadas pelas alegrias e ingenuidades das crianças. a vida é meio mágica mesmo e é ainda mais linda quando vem de alguém que faz de tudo para manter o ambiente renovado, limpo, feito pra se viver da melhor maneira cada espaço. se vê em cada parte o grande amor, força e vontade que carrega. 

faz a gente refletir na construção de cada parte de uma moradia, colocando algo de si, transformando o que se tem em um lar. eu sou muito do físico, do visível, do palpável. quero poder olhar para uma casa e ver todo cuidado que se pode dar para si espalhado por ela. um agrado para si mesmo. é como se arrumar para sair mesma, colando sua melhor roupa sem precisar de motivo nenhum. como fazer um chá, levantar os pés e ler um livro inesquecível, com toda calma do mundo. todo cuidado voltado para dentro.

pensei, também, em contar das risadas que são os sons favoritos de se ouvir no mundo. a risada simples e leve dela, que me acompanha desde sempre, que me traz em si e que eu levo em mim. o riso alto, sincero e cheio de vida que nenhuma barra, trauma ou dor pode apagar. toda força, aquela que falei ali em cima, traz. aquelas que só quem tem a satisfação em ser mãe carregam.

enfim, eu as frases que vem são sempre sobre coisas simples, fortes e grandes. sobre sentimentos profundos e vivências que tocam tão fundo que encostam na alma. e penso que, para o natal, o ano novo e toda essa época de renovação e recomeços, são o que não pode faltar. só intensidades. axé.

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

um dia você vai me encontrar despretensiosamente num café qualquer em uma cidade inimaginável que eu e você estivéssemos. vou estar lendo um livro desses que carrego comigo como amuletos e não vou ver você chegar. você poderia seguir em frente sem dizer nenhuma palavra - nós dois sabemos bem que não há mais palavras a serem ditas -  mas não. você se dirigirá a mim e vai sentar na minha frente. porque algo te diz que é isso que deve fazer. eu, distraída, vou demorar a sentir tua presença. e, sem saber, vou ser feliz em não te perceber. vai me chamar pelo nosso nome e vou te olhar surpresa, dar um sorriso qualquer, perguntar sobre a vida. querer falar sobre tudo, sobre tanto, qual seria o melhor momento que não esse encontro que o destino inventou para gente? mas não vou dizer nada. porque, afinal, já não há mais nada a ser dito. seríamos novamente dois desconhecidos um na frente do outro. e já aprendi que o melhor é te deixar ir para além de mim. já não quero te (re)conhecer porque, me diz: tem coisa mais destrutiva do que insistir sem fé nenhuma? já não insisto. porque, enfim, quem diria, nós dois fomos tão descartáveis.
se a escrita é o que determina o sentimento que vibra aqui dentro, escreves palavras más não vão me fazer melhor. de repente se eu falar de coisas boas e de mundos leves, de ideias brilhantes e sobre a paz, de repente, se eu usar as letras e frases para o bem, quem sabe tudo não fica mais leve?

celebrando

me encanta a suavidade com que me faz pulsar e amar sem limite algum. um tanto incompreensível, lacuna, mas aceito. na minha saudade encontro o meu amor.

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

pro inferno

não, eu não vou para lá contigo. se nossos problemas não conseguem ser resolvidoa aqui, porque seriam em outro país? o nosso mundo & sentimentos não vão mudar. tu só quer fugir de tudo, inclusive de mim. porque lá tá o teu desenvolvimento. e o meu desenvolvimento vai estar atrelado constantemente a ti. tu sabe, peixes. apegado. o ascendente em gemeos não vai salvar agora e a lua em escorpião vai nos destruir.

vai ver que eu estou errada em ser mesmo assim, mas não sei, acho que é isso que eu acredito ser um casamento. duas pessoas preocupadas no crescimento e bem estar uma da outra. e não consigo mais fazer isso contigo. só consigo enxergar as tuas atitudes a favor de ti próprio, me usando como um pilar. como algo já conquistado, constante e monótono aqui. como alguém para dar boa noite antes de ir dormir, pra não se sentir tão só. mas não fui feita pra esse papel.

 isso pode parecer totalmente dramático para ti, mas, quer saber? não me importo. aceito o drama como parte de mim - e uma das mais sinceras. não, tu não precisa gostar. eu não gosto de tantas coisas que tu faz, não é? os atrasos, as irresponsabilidades, as mesmas histórias sempre, os ataques de eu-acho-que-vou-morrer-e-o-mundo-que-pare-para-assistir-a-minha-nóia, o "eu faço depois"que é igual a não fazer nunca. empurra pra mim. empurra pra mim a parte chata-operacional-que-tu-não-gosta. fica com o limpinho e me da o cesto de lixo pra eu juntar a merda. "isso é o que tu pensa". não sei, hein, sempre me senti tão diferente, porque agora - justamente agora, que estou contigo - comecei a me sentir assim?

sinceramente, acho que somos duas crianças brincando de casinha. tu, um menino que tenta ser homem; eu, uma menina que finge ser mulher. estragando tudo de mais bonito que podíamos ter e resumindo ao nada. a inércia de estarmos aqui, infelizes, tentando fugir de todos os problemas insolucionáveis que nos acompanham a cada acordar.

já me mandou pro inferno tantas vezes hoje. acho que é pra lá que eu vou mesmo.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

sem amor. só a loucura.

já não tenho paciencia e os medos cessaram. só esse tédio infame que penetra o quarto que escolhi delicadamente as cores e, apesar de não viver mais aqui, não permito trocar. para ter onde voltar, apesar dos móveis já não pertencerem aos mesmos lugares e as janelas apenas permitem a vista a outras vidas tão medíocres quanto a minha. já não sei mais as regras impostas e não me importo porque nunca as segui. já não levo a culpa nas costas das tarefas ridículas que me oferecerem e que esperam que eu cumpra sem questionar. já não questiono, apenas não atuo e aguardo a decisão dos outros de me libertar de algo que finjo temer perder. já não sei o que dizer e já não quero ouvir mais nada da tua voz que me telefona para dizer todas as tuas falhas que eu já sabia que iriam acontecer. conheço de cor e prevejo todos os teus erros tão bem quanto os meus e já não quero guardar tudo isso em mim. já esgotou a minha vida que existia para ti, não há mais espaço para despreocupações e egoísmos, falhas e mentiras.  não consigo me encaixar dentro de mim mesma e o cansaço tomou conta. não há mais esforços para te encaixar junto. não tem nada além de escombros e destroços nas minhas entranhas, nem uma luz ou claridade, apenas o perigo se desenvolvendo dentro de mim, esperando para explodir em palavras ríspidas e sem amor, só a loucura.

o que é isso, menina? quando o mundo ficou tão pesado e a mente tão fraca? por onde foi que você andou e acordou aqui? calma, não chore, há de passar. a vida é assim mesmo, há tempos de alegria e de tristeza, de euforia e de fúrias. não, não te culpes. não há nada que possa fazer a não ser acalmar. as escolhas são muitas, eu sei, e o coração é grande, apesar do aperto. o sentimento transborda. logo tu, que tem falado demais e não dito nada, que tem se escondido atrás das lágrimas, que tem procurado as soluções dos problemas nos lugares errados. o amor não é tão simples assim e tu, pequena, tu carrega muito dentro de ti. toda a revolta e perdição de anos engolidos, enquanto escolhia vendar os olhos para todo caos que carregam consigo até hoje.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

as vezes eu sinto que todos estão vivendo todas as intensidades que eu já vivi e eu me mantenho aqui na vida de adulto, fazendo todas as coisas o tempo todo, deixando a desejar em tantas coisas.

sinto falta do que pulsa no peito e me desgasto com todas as minhas fugas. já não sei mais por onde andar e me atrapalho em todos os dilemas. já cansei de todos os dramas e choros, não conheço mais o que cresce em mim e já me derramo por todos os cantos, perdendo um pouco em cada dia.

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

estou aqui totalmente nova. e completamente minha. uma mistura absurda de tudo que acontece na minha volta com o que ocorre aqui dentro. é uma questão de confiança. de confiar no instinto e ignorar as vozes que gritam na rua. é só a tua vida. que tu cria a todo instante. e muda como quiser.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

so let it out and let it in

dói de um jeito estranho. não desesperado, mas concreto. sinto cada parte que me abala. e viro para o lado para não pensar muito, porque pode ser esse meu desvio maluco de nunca saber o que se é. mas sempre acreditei tanto em mim e começar a duvidar me treme as pernas. falavamos em descontruir e apareço aqui, um dia a mais, com medo da reconstrução. penso que já me determinei tanto dentro de um próprio conceito e já me desviei tanto deste mesmo que a escala de consciencia total de mim está num número inexistente ou ainda desconhecido.

como um mistério que precisa ser desvendado na sua obviedade. a palavra ainda não dita, mas maquinada tantas vezes. e as que nunca serão por que o destino assim quis. um pouco da maturidade de   aceitar o desgostoso, mas ao mesmo tempo não querer deixar de lado os ideiais. um tanto estagnada, como tanto já disse. penso se não sou circular e, se não sou, se não estou me tornando mais insuportável a cada dia que passa. mais serena e mais fria. não quero o coração de gelo, o coração de pedra, o não-se-envolver e o coldheartbitch. não que eu vá voltar para lá, isso é impossível. três anos nas costas fazem diferença, apesar do ~parecer tudo igual~. e também já não sei se eu não sou como aqueles quadros pintados que todo mundo ve a intensidade, mas ninguém entende. já cansei de me observar e analisar cada movimento e pensamento da minha mente sempre pre-ocupada com bobagens que no fim não são o motivo para o qual viemos até aqui.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

alguns textos me veem e eu só os descarto. como se algo mais importante a ser dito estivesse sendo criado dentro de mim. mas será que já não escrevi o mais importante? o que se faz quando já se conquistou muito, mas ainda se quer tanto? para onde se vai? e o que se faz quando algo sempre falta e nunca se sabe o que? "sensação de vazio e tédio". do que me adiantam descrições sem soluções? eu já não quero mais nada disso. e mantenho o meu vicio, enquanto a fumaça me penetra e é absorvida pelo meu corpo que me leva para além daqui.
cega de olhar ao sol. escrevo sem conseguir enxergar as letras. muitos deixariam passar despercebido. não sei se há angustia ou alivio em saber que isso não é eu. se não eu, quem maior que eu comanda as avalanches de fantasmas e sentimentos que levo para além desse corpo. o que é, enfim, personalidade se estamos mudando todos constantemente? e essa mudança que eu clamo tanto e ser só uma já não me basta. me aprisionar nesta identidade unitária parece ser o que todos buscam. e aos poucos endurecem. não quero endurecer. não é endurecer, ela diria, é aprender a ver interesses em outros caminhos. mas o meu caminho não sou eu quem faço? e se eu não quiser ser isso? mude. mas já não sei se é a hora. e agora entendo o medo. sinto que toda a minha vida vai ser determinada no próximo instante. e não posso vacilar, como já fizeram. o que me impede? parece que me obrigo a estar aqui e também já não sei se essa sensação é o extremo. mas também não quer ir embora e tremo só de pensar isso. "medo do abandono", diria o livro. mas quem não sente? todas nós tivemos isso e perdemos tanto. cair sete, levantar oito. escrito pelo meu corpo em uma língua desconhecida. invisível enquanto me mantenho atenta a respiração.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

terça-feira, 18 de setembro de 2012

domingo, 9 de setembro de 2012

gosto das palavras exatas. do que é limpo. do que se finaliza, apesar da vontade de continuar vivendo. vive em mim. e já tentei, mas não consigo matar. aprendi que os anos amenizam, se está disposto a amacia-lo. de o alimentar com cautela. que o que é seu não sai daqui. é o karma, é a vida. aprendizado sempre. sigo em frente.
o problema foi a perda de mim mesma. não sei precisar exatamente quando isso aconteceu e sempre lembro do "que é que não queria se encontrar". já não quero voltar ao mesmo lugar, mas também não quero ficar aqui tão estática e longe da caminhada, apesar da corrida constante contra o tempo. tenho tido poucos sonhos e muitos dilemas, quase todos inventados por mim mesma e me pergunto, enfim, o que não é só imaginação da nossa mente já tão consumida pelo exterior e deteriorada no interior.

ele me disse ontem que nós sempre tivemos esse problema com a rotina. com o constante. com o frequente. penso que ele é mais determinado e organizado que eu, enquanto sou uma bagunça constante que não sei nem por onde começar a organizar. são tantas coisas jogadas e colocadas debaixo do tapete que levaria anos para colocar tudo no lugar. e com certeza me perderia no meio do caos, como acontece sempre que tento um recomeço. essa inconstância me devora e a estabilidade não me acompanha. faço do tempo meu inimigo e os domingos de chuva, meu eterno tédio. o corpo todo pulsando por algo a mais. sempre o algo a mais. que não encontro.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

até a linha

todo início de semestre é igual. menos de mim a mim. um boicote sem motivo. e logo vem o motor do mundo. tou no aguarde. ele vem pros começos, não para os meios. os meios nunca foram a minha coisa. sempre gostei do começo. a novidade. de tudo, de cada espaço. a novidade de mim, a cada momento. mas não. a novidade não me vem, só o continuo, a inércia. e não falo do redor, mas de dentro. uma parada na evolução e desenvolvimento, enquanto bagunça tudo. e tenta começar de novo no caos e sempre teme até quando.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

bem-vindo

agora que sei consigo fluir. aceitar a loucura e deixar que ela tome lugar aqui. para que eu possa sobreviver lá. sempre soube que era somente para mim, quantos tantos pensavam que era para outros. mas quando se está em frente ao espelho, o que importa os que os outros - aqueles lá, distantes - pensam? se está em frente a folha branca e tu te encaras contigo mesma, sem medos e apenas os dedos pulsantes a escrever algo sobre ti. algo tão pessoal e único, independente de quão secas sejam as palavras. a mensagem, a tua mensagem para ti mesmo. o pensamento em palavras. e a falta que fez.

temo a incógnita.

vejo as cinzas jogadas pela casa e me pergunto quando foi que deixei que eu me tornasse isso. um tanto largado, resquícios do que um dia foi e agora só resta o pó. a fraqueza engloba este corpo que deixei de cuidar há uma semana, um ano, um bocado. as todolists já não me agradam e nem sei se as acredito. não encontro folego e não foram os cigarros que tiraram ele de mim. virada de cabeça para baixo, uma casa jogada com os objetos largados em todos os cantos. o todo tão misturado, perdido e tão...abandonado. logo eu, que sempre me mantive tão cheia, e repleta, o balão assoprando o tempo todo para se manter inteiro e agora. o pó.

a vida foi consumida devagar por mim mesma. as grades por mim colocadas. e enfraquecendo, quando deveria engrandecer. os pés pelas mãos, como sempre fiz. e chego no final do caminho e me apavoro. porque não é o final do caminho, nunca é. e me esqueço da passagem. o meio. a peça. o que realmente importa, enfim. e o momento não é mais momento e o instante já não é mais o it da clarisse. e a clarisse não é mais a clarisse e o caio eu já deixei pra lá. não sei se enlouqueci ou já nasci louca. gostava mais quando só dizia não me importar.

e me importava demais. já disseram e eu digo que não lembro quem lembrando. e ainda me importo, continuo me importando. sem talvez ou dúvidas. porque o desimportar é triste. e mais que triste, é abandonado. jogado as teias de aranha. e até morto. quero ser viva. quero sentir todo o caos que a minha cabeça confusa gera para obter o movimento. quero a rotação inconstante, de deixar tonta. mas quero com prudencia. com aquele maldito controle que me escapa as mãos. penso que eu me escapo de eu mesma. um outro alguém já disse que eu era escorregadia. sinto que continuo sendo e não consigo me alcançar e me manter aqui. tranquila. serena.

como nunca quis ser. e agora tanto desejo.

temo a incógnita. principalmente a minha.

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

eu deveria ter ido embora. não ter voltado. não sei por que meus pés acostumados retornam para isso que chamo de casa. mas que não sinto como nada. volto e não me diz respeito, nada me aguarda, nem me abriga. só o dia cinzento lá fora e aqui dentro ainda mais cinza. mais frio.

eu deveria ter assumido. ou sumido. desistido e finalizado. o ponto final, infernal. o coração roubado. destroçado. já não sinto mais o dito, já não quero o despido, já nos tornamos mito.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

respira fundo. isso aqui é só sobre a gente. entre você ai dentro e esta que digita as letras formando estas palavras que espera que solucionem algo. a perna para cima e para baixo, rapida, na angustia e na ansiedade por. pelo que mesmo? respira. as coisa virão. deixa elas acontecerem. te planeja. mas como? nada acontece sem planejamento. e sei que não entende, você sempre foi do momento. do instante. do impulso. saber esperar nunca foi uma das tuas qualidades. que existem, é claro. mesmo que você não veja agora.

como se alguma coisa tivesse se perdido
no meio disso tudo
uma coisa importante
sem saber como retomar

segunda-feira, 30 de julho de 2012

tem dias que é assim: a loucura toma conta de todo meu ser. eu, que de normal nunca tive nada, mas que nunca pude ser considerada esta palavra, louca. como agora tenho sido. tento fugir e enterrar este sentimento de só estar errada. do jeito errado, no lugar errado, existindo da forma errada. bloqueando qualquer coisa que tenha que passar em mim. já morta de energia. como se nenhum movimento fosse a favor do destino correto. este que não sei mais se existe. tremo e já não me sinto parte de mim. a visão embaçada e alguém no meu lugar. não eu. olho no espelho e não sei quem me mira de volta. "quem é você?", pergunto. ela só me olha de volta, calada. com uma cara de pobre coitada de dar nojo, as bochechas e olhos vermelho e inchados do choro. não és minha. não sei o caminho. se a nego, se a aceito. se a guardo trancada, chaveada a sete chaves pra depois. o que? já não me sustento mais em mim mesma e já não quero ser carregada. não nasci para ser fardo de ninguém. nem meu próprio.

sexta-feira, 27 de julho de 2012

acho que a escrita nunca deixa de ser uma fuga. ou uma limpeza. nada de ruim pode vir, mesmo que tu releia e não entenda, não goste, não queira pra ti. essa é isso. querendo um pouco de paz e eu mesma. longe de qualquer coisa que venha de to fora. só subir um degrau, pra não cair da escada.

quinta-feira, 26 de julho de 2012

hay amor suficiente (sempre)

queria te dizer que te amo muito, com todo meu coração. e que estas palavras parecem fáceis e simples perto do que pulsa aqui dentro. tu me encanta, todo dia. eu conheço já a melodia dos teus movimentos e este teu jeito menino doce de levar a vida e me conduz por todo os meus labirintos, me levado, guiando, mesmo que aos tropeços, percorrendo o caminho mais bonito. quero caminhar ainda muitas ruas, ter muitos lares, visitar várias cidades, contar inúmeras histórias. aquelas que só nós saberemos e contaremos rindo, falando em outra língua durante duas quadras. guardaremos para nós, quietos e satisfeitos do que construímos, aquele riso que vem de dentro, que só se dá conta quando se ri com o corpo todo. e não esquecer de todas as pedras que carregamos e obstáculos que passamos. todas as dores e medos que enfrentamos. sermos prova viva da força constituída pela energia, mesmo que bagunçada, de duas pessoas que acreditam na mesma coisa. nunca acreditei tanto em alguém. nunca acreditei tanto em algo como creio em nós. em tudo que somos e no que ainda iremos ser. tu é tão lindo. tão leve, doce e equilibrado. mesmo nos desequilibrios. tu é tão meu, inteiro feito pra mim. a alma se encaixando na minha, me e-levando dessa loucura que, feito tempestade, insisto em criar com toda a força sentimental que se debate dentro de mim. e tu acalmando o furucão, os meus demonios se dissipando só de me fitar com estes olhos mais lindos e sinceros que já vi nesta e em outras vidas. meu amor. meu grande amor.

quarta-feira, 25 de julho de 2012

recomeçar

também quero o branco pra mim.
não interessa. eu sei que cheguei ao meu limite e não temo de escreve-lo. pela primeira vez, não sei o que vem depois. as brigas se seguiam de bandeiras brancas em busca de paz sempre. hoje já não sei se quero voltar. estou tão assustada e destruída. num campo lotado de minas e mais um passo e o mundo todo se vai. mas qual qual a direção? tem que ser certeiro senão as consequencias podem ser problemas de solucoes impossiveis. Ao mesmo tempo que parado não se pode ficar.

repetiremos até tudo parar o mesmos erros.


não sei quando eu me tornei a obrigação ao inves do prazer. quando me dar atenção se tornou um compromisso e não uma vontade. não há nenhum drama aqui e de repente é somente mais um dia ruim. pra mim. e indiferente, para ele. não sei encontrar a linha entre o dispensável e o indispensável, entre o necessário e o superfulo, entre as palavras e os sentimentos.

quando me tornei só uma foto no computador a ser ignorada pelo olho já acostumado. um quadro do que não existe. tudo parece tão frágil e eu sou só uma peça quebrada com defeito.

os risos já não são mais direcionados para mim e já fui excluída dos planos e futuros. já cansei destes dias já sem sentido em que dividimos e de tudo que construimos que parece ser de areia. ele já não é mais meu. é do mundo. e agora penso que sempre foi e tudo isso não passou de uma ilusão da nossa mente e meu coração cansado já não sabe mais como agir.
eu ja perdi as contas de quantas vezes entrei num taxi sem saber para onde queria fugir.
 a garganta doendo, o choro engolido. os membros tremendo e a voz rouca tentando formular um endereço de um refúgio qualquer. volto sempre para o mesmo lugar - este. que nao é lar, mais é mais lar que os outros. e cada vez que abro a porta e piso no parque escuro me desabo. estou condenada a continuar aqui para sempre. nao que aqui seja ruim. nao é. só nao é onde eu quero estar. eu só nao gostaria de estar voltando, ao invés de indo para frente. de ter que deitar na mesma cama e desabar. ainda mais agora, que pensei que nunca mais teria que voltar.  esta quebra de realidade onde nada é reconhecido. como tudo pode ser destruído em questoes de segundos e nao saber mais onde se encontra nem como veio parar aqui?


nao enlouqueci. ainda.

2012

Não me importam as estatísticas. A última coisa que quero saber é se alguém me lê. Envelheci e não sei se prefiro guardar para mim as dores enquanto me corroo ou correr pra um teclado in seek de algo que não me faça, se não me entender, ao menoso não enlouquecer.
As palavras para solucionar os problemas, para encontrar um abrigo nesse inverno frio e confuso de julho. A ânsia se desenvolve no meu estômago e as risadas do outro quarto são como pedras sendo tocada ao meu corpo já não no meio da praça. Não me sinto em casa. Já não me sinto livre, já não me sinto bem. Onde está a minha casa? O físico me interessa muito, o palpável e o visível. Já não acredito em muitas coisas e me viro melhor sozinha. Já não sei se quero deixar ele entrar. Se quero o deixar dar um passo a mais em minha direção. Não sei se aguento. Quero ser rainha de mim mesma e não dos outros. Quero ter meu próprio castelo e já não sei se o sei dividir. Meu corpo já deixou de ser meu templo e a minha energia vital foi consumida por tudo que me envolve. Penso se não estou na base do colapso, já guardei tanto dentro desse peito que agora está sem folego. 2012, o ano que o mundo acaba. E eu explodo.

sábado, 5 de maio de 2012

a sina

quase nao o encontro quando penso se havia o deletado, assim, num desses ímpetos e vontades de apagar todas estas coisas que tenho vontade de dizer. se meu olhar nao é atento, desistiria e nao voltaria mais aqui até. até o próximo desabafo. num desespero tao grande que nao se foca em mais nada até encontrar um lugar em que se possa vomitar tudo. sem que ninguém veja.

me chega como carta, com palavras que nao escolhi ler. as minhas, sem acentos e conjugacoes inaceitaveis nem deveriam se atrever a escrever algo sobre aquela página repleta de frases pesadas, como se carregassem toneladas no peito, nao, na alma. as toneladas que tentam se esconder atrás do branco. tudo acontecendo e enlouquecendo um pouco a cada linha. a página se torna vermelha e escura, absorvendo todo sangue escorrido das histórias que conta com tanta levianidade. comprimindo o cérebro, condicionando a mente, impedindo qualquer lógica que se desenvolva a respeito do que nao quer que seja descoberto. insinua o secreto, mas nao o conta. como se estivesse tranquilo, mas todos sabemos do temor - menos ele. já nao caio mais nesse jogo que nao sabes que tenta inabalavelmente vencer. sem nem saber para o que irá servir, no fim.

quero continuar na letra minuscula, sem diferenciacao do que vem antes ou depois. nao quero ser inserida neste universo caotico. e me tonteia em pensar que somente assim cheguei até aqui. através desse caos tao incompreensível para mim que tive que aprender a deixar de lado muito do que eu nao queria. mas esta é uma luta que eu nao vim para vencer. só que também nao posso fugir do campo de batalha. é minha sina. e dele, também.

quinta-feira, 29 de março de 2012

não tem nada de são em como tenho sentido o mundo. aereo, como se eu fosse um simples espectador. sem a vontade de seguir seus sonhos ou qualquer coisa bonita destas que faz com que a vida siga um rumo ou não seja tão jogada ao léu. não é somente corporal este enjoo que sinto no estomago. vai além, penetra na alma. a intolerancia com seu próprio eu e seus dramas ridículos e pesares que não importam. essa raiva por não se importar mais com. o que mesmo?

as doses já não descem mais a minha garganta. cansei de andar pelas ruas boemia num quase inverno e um copo de vinho na mão. ele quer me ajudar, mas não pode. esta ruína é minha e sinto que ele tenha que vivenciar ela comigo, por estar tão perto. este peso já sai de mim e sinto falta de não ser mais cínica comigo mesma, com ele, com todo o resto. de poder fingir que está tudo bem quando a realidade está sendo pintado com cores que não reconheço. é algo além de mim, além dele. não é meu. são os demonios, talvez. nada meus, mas colocados aqui dentro. e não gosto, não aceito, não os quero. mas estão aqui. e não há o que eu possa fazer para coloca-los para fora. o choro não os expulsa, nem os gritos, nem as batidas. não tentarei mais nenhuma destas atitudes drásticas que nada resolveram. estou cada dia mais sufocada por este mal estar que não passa. me culpo pela minha falta de cuidado. comigo mesma, com ele. este peso nas costas de não conseguir levar tudo que deveria. a cabeça doi, a tontura vem. e algo suga toda pouca energia que ainda me resta. mas não consigo dormir. me entregar para os sonhos que são tão reais, apesar de distantes. não quero. aqueles sonhos que, quando imersa, não acordo mais. sempre perturbados pelas coisas mais simples. como eu, acredito. me mantenho acordada ouvindo os moradores acima derrubar objetos pesados na madrugada. queria que alguém me socorresse. mas ninguém pode. é a angústia que temos que engolir. não sei mais o que fazer, senão aceitar. numa desistência e desespero de quem não sabe mais o que fazer. mãos atadas. até que.

domingo, 11 de março de 2012

eu gosto do que constrange. de não se importar em ser ridícula. não o ridículo mau, aqueles insuportáveis. mas o que é bobo. o que é quase infantil. de não dar bola e falar as coisas sem filtro, de dançar livre da preocupação sobre o que os olhos alheios irão pensar, de simplesmente não se importar. porque, afinal, quem - realmente - se importa? só tu. os outros não passam de realidades deturpadas de ti. os olhos deles não existem. gosto desse desapego, de se permitir ser quem é e ir um pouco além de como todos estão acostumados a agir. ontem estava tão quente naquela casa fechada que por momentos pensei que estava no inferno. não o inferno pesado, o divertido, daqueles que a gente brinca que vai quando morrer. o calor era escaldante e todos estavam encharcados com seu próprio suor - e se incomodavam com o liquido que saia de seu próprio corpo. quando, na verdade, tudo é energia - e eles ignoravam a magia de seu próprio corpo regulando a sobrevivência. sem apegos a estética, somente ao que realmente importa: manter-se vivo. é ali havia vida, a mais pura vida, embaixo dos olhos já embaçados por tudo que inventaram e disseram que era importante. eu alegre, aceitando o suor, apreciando a destruição de todo visual pré fabricado que se faz na frente do espelho. aceitava a nova condição. e assim, encharcados por nós mesmos, somos quem somos. aceito a garrafa de água que jogam na minha roupa e rio dos que fecham a cara para tanta sinceridade. somos jovens - e pulsamos.

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

21.02

sendo consumida pelo tédio. sufocada pelo calor. o país em festa - e eu aqui. sentada nesse comodo repleto de caixas, onde tudo está fora do lugar. um ranço estagnado nas entranhas. sempre lembro quando falo entranhas. por mais que a gente esqueça, uma hora sempre lembra. tudo pra fazer - e a gente para. aquele apartamento vazio e a nossa incompetencia em sermos adultos. aponto o dedo pra ele, pra mim. de repente espero que ele seja este superherói que vai me salvar de tudo e resolver tudo. não vai. essa escolha é minha.

o tédio vem e não sei como me libertar dele. os bares estão fechados, as ruas vazias. todas as folhas já foram pintadas, os amigos não estão aqui, a erva acabou e não há mais nada para distrair. o computador estragado e o que existe já ofereceu tudo que podia. escuto um barulho constante, como se alguém tivesse colocado uma concha no meu ouvido. tento decifrar o som, mas não consigo decifrar mais nada.

me pede um beijo, brincando. tenta tirar essa minha cara fechada. mas sempre fui transparente e não consigo fingir alegria quando o ranço toma o corpo, essa bobagem na minha mente. o texto porco na tela. e eu, vazia. deve ser o inferno astral que vem com a proximidade do aniversário. que significa o que, enfim?

nada é mais triste nesta cidade do que terça feira de carnaval.

domingo, 29 de janeiro de 2012

o comeco,

eu ando quieta por achar tudo deslocado demais pros meus olhos que já deixaram de ser ingênuos, mas buscam alguma sinceridade atrás dos movimentos tão absurdamente programados que dominaram as ruas com risos altos de piadas sem graças, com histórias que não tem a mínima importância, com cores que não existem e que por mim seria tudo branco no preto. tava conversando com a julya essa semana ainda e a gente comentou que as nossas meia calças coloridas de rosa pink, verde limão, laranja vivo já ficam dentro do armário e não consegue mais vestir nossas pernas. penso que quando a gente se ilumina e tem cor própria, não precisa ficar vagando pela rua feito um vagalume pra ter certeza que vai ser notado. não uso mais mini saias nem decotes, muito menos roupas desconfortáveis. e acredito que quem precisa de qualquer um desses artefatos para ser notado, tá fazendo algo errado. quem se destaca com sobriedade é que merece a atenção. a minha, pelo menos.

daí eu saio nessas noites e as pessoas estão tão perdidas e tão pra fora de si mesmo que nem sabem mais quem são, nem o que estão fazendo. digo há anos: o caminho é in, não out. e a gente não escontra respostas nenhuma balada, noite, transa, baseado, carrera de cocaína, doses de tequila. ninguém encontra respostas se esquecendo da noite anterior. ninguém está presente quando se esquece da noite anterior. e estar vivo e não estar presente é uma das coisas mais tristes que existe.

ainda vivo e me sinto bem, obrigada por não perguntar.