quinta-feira, 27 de setembro de 2012

cega de olhar ao sol. escrevo sem conseguir enxergar as letras. muitos deixariam passar despercebido. não sei se há angustia ou alivio em saber que isso não é eu. se não eu, quem maior que eu comanda as avalanches de fantasmas e sentimentos que levo para além desse corpo. o que é, enfim, personalidade se estamos mudando todos constantemente? e essa mudança que eu clamo tanto e ser só uma já não me basta. me aprisionar nesta identidade unitária parece ser o que todos buscam. e aos poucos endurecem. não quero endurecer. não é endurecer, ela diria, é aprender a ver interesses em outros caminhos. mas o meu caminho não sou eu quem faço? e se eu não quiser ser isso? mude. mas já não sei se é a hora. e agora entendo o medo. sinto que toda a minha vida vai ser determinada no próximo instante. e não posso vacilar, como já fizeram. o que me impede? parece que me obrigo a estar aqui e também já não sei se essa sensação é o extremo. mas também não quer ir embora e tremo só de pensar isso. "medo do abandono", diria o livro. mas quem não sente? todas nós tivemos isso e perdemos tanto. cair sete, levantar oito. escrito pelo meu corpo em uma língua desconhecida. invisível enquanto me mantenho atenta a respiração.

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