as doses já não descem mais a minha garganta. cansei de andar pelas ruas boemia num quase inverno e um copo de vinho na mão. ele quer me ajudar, mas não pode. esta ruína é minha e sinto que ele tenha que vivenciar ela comigo, por estar tão perto. este peso já sai de mim e sinto falta de não ser mais cínica comigo mesma, com ele, com todo o resto. de poder fingir que está tudo bem quando a realidade está sendo pintado com cores que não reconheço. é algo além de mim, além dele. não é meu. são os demonios, talvez. nada meus, mas colocados aqui dentro. e não gosto, não aceito, não os quero. mas estão aqui. e não há o que eu possa fazer para coloca-los para fora. o choro não os expulsa, nem os gritos, nem as batidas. não tentarei mais nenhuma destas atitudes drásticas que nada resolveram. estou cada dia mais sufocada por este mal estar que não passa. me culpo pela minha falta de cuidado. comigo mesma, com ele. este peso nas costas de não conseguir levar tudo que deveria. a cabeça doi, a tontura vem. e algo suga toda pouca energia que ainda me resta. mas não consigo dormir. me entregar para os sonhos que são tão reais, apesar de distantes. não quero. aqueles sonhos que, quando imersa, não acordo mais. sempre perturbados pelas coisas mais simples. como eu, acredito. me mantenho acordada ouvindo os moradores acima derrubar objetos pesados na madrugada. queria que alguém me socorresse. mas ninguém pode. é a angústia que temos que engolir. não sei mais o que fazer, senão aceitar. numa desistência e desespero de quem não sabe mais o que fazer. mãos atadas. até que.
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