as doses já não descem mais a minha garganta. cansei de andar pelas ruas boemia num quase inverno e um copo de vinho na mão. ele quer me ajudar, mas não pode. esta ruína é minha e sinto que ele tenha que vivenciar ela comigo, por estar tão perto. este peso já sai de mim e sinto falta de não ser mais cínica comigo mesma, com ele, com todo o resto. de poder fingir que está tudo bem quando a realidade está sendo pintado com cores que não reconheço. é algo além de mim, além dele. não é meu. são os demonios, talvez. nada meus, mas colocados aqui dentro. e não gosto, não aceito, não os quero. mas estão aqui. e não há o que eu possa fazer para coloca-los para fora. o choro não os expulsa, nem os gritos, nem as batidas. não tentarei mais nenhuma destas atitudes drásticas que nada resolveram. estou cada dia mais sufocada por este mal estar que não passa. me culpo pela minha falta de cuidado. comigo mesma, com ele. este peso nas costas de não conseguir levar tudo que deveria. a cabeça doi, a tontura vem. e algo suga toda pouca energia que ainda me resta. mas não consigo dormir. me entregar para os sonhos que são tão reais, apesar de distantes. não quero. aqueles sonhos que, quando imersa, não acordo mais. sempre perturbados pelas coisas mais simples. como eu, acredito. me mantenho acordada ouvindo os moradores acima derrubar objetos pesados na madrugada. queria que alguém me socorresse. mas ninguém pode. é a angústia que temos que engolir. não sei mais o que fazer, senão aceitar. numa desistência e desespero de quem não sabe mais o que fazer. mãos atadas. até que.
quinta-feira, 29 de março de 2012
não tem nada de são em como tenho sentido o mundo. aereo, como se eu fosse um simples espectador. sem a vontade de seguir seus sonhos ou qualquer coisa bonita destas que faz com que a vida siga um rumo ou não seja tão jogada ao léu. não é somente corporal este enjoo que sinto no estomago. vai além, penetra na alma. a intolerancia com seu próprio eu e seus dramas ridículos e pesares que não importam. essa raiva por não se importar mais com. o que mesmo?
domingo, 11 de março de 2012
eu gosto do que constrange. de não se importar em ser ridícula. não o ridículo mau, aqueles insuportáveis. mas o que é bobo. o que é quase infantil. de não dar bola e falar as coisas sem filtro, de dançar livre da preocupação sobre o que os olhos alheios irão pensar, de simplesmente não se importar. porque, afinal, quem - realmente - se importa? só tu. os outros não passam de realidades deturpadas de ti. os olhos deles não existem. gosto desse desapego, de se permitir ser quem é e ir um pouco além de como todos estão acostumados a agir. ontem estava tão quente naquela casa fechada que por momentos pensei que estava no inferno. não o inferno pesado, o divertido, daqueles que a gente brinca que vai quando morrer. o calor era escaldante e todos estavam encharcados com seu próprio suor - e se incomodavam com o liquido que saia de seu próprio corpo. quando, na verdade, tudo é energia - e eles ignoravam a magia de seu próprio corpo regulando a sobrevivência. sem apegos a estética, somente ao que realmente importa: manter-se vivo. é ali havia vida, a mais pura vida, embaixo dos olhos já embaçados por tudo que inventaram e disseram que era importante. eu alegre, aceitando o suor, apreciando a destruição de todo visual pré fabricado que se faz na frente do espelho. aceitava a nova condição. e assim, encharcados por nós mesmos, somos quem somos. aceito a garrafa de água que jogam na minha roupa e rio dos que fecham a cara para tanta sinceridade. somos jovens - e pulsamos.
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